sexta-feira, 10 de agosto de 2012

A Rosa



Meu nome é Rosa
Como qualquer outra flor sou cheirosa

Amarilis, branca em degrade
Linda de doer!
Da gosto de ver

Cravo, nunca brigou comigo
É doce, é amigo

Orquídea, essa é famosa
Formosa, graciosa...

Frésia não aceita rotina
As cores dela combatem paradigmas

Afinal, em meios tantas diferenças
Quais são as coincidências?

A flor é sempre mais bela
Quando sua beleza é apreciada
Acolhida, amparada

Então vem o jardineiro
Ligeiro, sorrateiro

Passa-me um olhar
Singular...

Toca-me levemente
Seduz-me inevitavelmente

Sente meu cheiro
E fez de mim, e em mim
Um cativeiro

Cativos de sentido
Dispus-me
Dispos-se.

Meu nome é Rosa
Como qualquer outra flor sou cheirosa

Recebi de um jardineiro carinho
E assim a beleza, o perfume, a singeleza
As flores, a vida

Teve outro sentido

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Deus é poesia


 Quem aqui não tem no coração um território que desconhece? Curioso fato, o desconhecimento próprio... Porém, muito comum, presente em qualquer um. O reconhecimento já é o primeiro passo para o conhecimento. Reconhecer-se limitado, incompleto, logo, humano. 
Quem aqui não sente o vestígio daquela dor, aquela que por algum motivo não se vai, parece ser eterna, que incomoda, machuca, sufoca, mesmo depois de alguns anos do seu apogeu... Vai me dizer que depois de tanto tampo “cê” ainda encontra razão (material, nominal ou afins) pra sentir isso tudo? De uma forma tão viva, tão íntegra, recente...
 Nada mais perplexo que o próprio desconhecimento, e “se bobia, nego logo começa a questionar: Deus existe?”, curioso... eu descobri a presença de Deus na ausência da certeza. Não que a incerteza me conforte, é que através dela aprendi a valorizar a mística da vida. Olhei por outras janelas, encontrei a natureza e a poesia.
 Quando o dia esta nublado sinto que a tristeza da alma se sente compreendida. Se temos territórios interiores que não conhecemos, nada mais apropriado que o cinza, cor de poucas tonalidades, nos chamar a atenção. Assim como os dias de primavera, onde o que se destaca as cores, as vibrantes! Equalizam-se aos nossos corações num mesmo batimento.
 Ahh, impossível não suspirar com a poesia! A natureza compreende, a poesia verbaliza a tristeza de nossa alma. Se acompanhada com a melodia, a poesia transforma-se na mais pura nascente. Sem culpa, sem trapaça. Enxuga a alma encharcada de mazelas, brota lágrimas com novo sentido, novo sentimento, lágrimas do amadurecimento. A poesia grita por milhares de dores silenciadas, sorrir por sorrisos incompreendidos, deita, levanta, acompanha pés calejados. Vejamos o seguinte poema:

“De repente aquela esquina era mais que um lugar
Era quase exato tudo que havia em mim
Solidão, conforto, coração, se esvaindo
Como os tons da tarde morta lá no céu”

 Infelizes são os humanos que acreditam no mito do amor romântico, herói da pátria, valores incorruptíveis, enfim, tantas projeções incabíveis a nós mesmos que mal nos conhecemos, imagine numa outra pessoa?!  Quem nunca se decepcionou com as próprias projeções? Quem nunca viu cair por terra o pedestal que colocou a própria mãe, o pai, o amigo (a), o namorado (a), o teórico (a)...? Subitamente, tudo que projetamos com tanto carinho e ilusão, se desmorona. As palavras fogem, os sorrisos apagam, os significados se confundem. Já não olhamos mais para aquelas “esquinas” e vemos o que víamos antes. Vem assim, inesperadamente, afinal quem espera pela desilusão?
 Então alguém coloca palavras na nossa boca, acompanhadas de arranjos musicais ou não, mas palavras que transmitem, que significam, que sorrateiramente nos alcançam. E assim, com poucas perguntas, doses homeopáticas de autoconhecimento, e conforto no peito, confirmo: é Deus, se não for o Senhor não faz sentido ser quem eu sou, onde eu nasci de onde eu vim. Se não for o Senhor, não é mais ninguém pra mim!

“Seu destino cego a lhes conduzir
Sua sorte à solta a lhes indicar um caminho
E dançavam lá em meio a tanta gente
Se encontraram ali

Cai um temporal lá fora
Onde irão vocês agora?

E tudo aconteceu
Quando as mãos se tocaram
Quando os olhos nem viram
Quando a noite chegou

E tudo estremeceu
As paredes do tempo
Os telhados do mundo
As cidades do céu

Eram os dois avessos aos normais
Ela com os pés no chão, e o chão se abriu
Um abismo
E dançavam lá, em meio a tanta gente
Se perderam ali”

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Síntese


Dói sempre assim Senhor?
Desabam-se lágrimas sensivelmente como água em nascente, sempre?
Até descobrir que “felicidade” é Deus quem soletra...
Que sozinhos nessa estrada ninguém se completa...

Quando dói assim Senhor
Gosto de imaginar que o machucado esta se fechando!
E quando me esforço pra sentir de novo
Lembro que teve dias que doeu mais
Daí imagino que quando doeu mais
O estilhaço de bala estourada estava sendo retirado de meu útero

Já tive um útero tão fértil!
Desenvolvia tantos sonhos!
Alimentava, cuidava...
De que mesmo serviu, Senhor?

É sempre assim?
Desabam-se sonhos a cada lágrima de um útero não fecundado?
Desaba-se pele a cada ano de uma vida sem vida?

Prefiro que desaba-se em mim maturidade
E que venham as rugas com elas!
A idade avançada, a idade da síntese...
O que fica é o que realmente valeu a pena a vida toda
Cicatrizes e pessoas

E quando da bengala eu precisar
Mais perto de vós Senhor, eu ei de estar!
Não por sentir a morte chegar
Mas por ver na prática da vida, o quanto eu preciso do Senhor para caminhar

Que doa sempre assim Senhor!
Doa de doer e aprender
Doa de doar e se entregar
A cada fase da vida que por ela eu passar.

sábado, 5 de maio de 2012

Vínculos em laço

 Certo dia me pus a pensar sobre um amor, uma música, uma construção cultural. As referências que me vieram a cabeça não podiam ser diferente, Samuel Rosa, Pe. Fábio de Melo e Mário Quintana  respectivamente:

"Éramos nós
Um mais um
Éramos mais que só dois

Éramos um
Feito de dois
Mais que nós dois
Nunca então sós

Eu era eu quando era nela
Ela em mim como ela era

Soma sem subtração
Múltiplo sem divisão
Dois que se amavam
Então, éramos multidão

E na matemática torta
Da vida que sem ela
Dois menos um é zero
Eu não sou nada do que eu era!" 

 Construir vínculos, construir relações que nos acrescentam, que se multiplica. Ser "mais que dois" em uma única sintonia, e manter a autenticidade. Manter a forma própria de sermos, estarmos, fazermos, concomitantemente entrelaçado com outro que também se confere a mesma propriedade. Exatamente dessa forma, inexata mas perfeita, relacionar-se como humano, divinamente humano!

"Sempre que falamos de mito do amor romântico, estamos, de alguma forma, evocando um inconsciente coletivo fortemente influenciado pela interpretação deste mito a respeito das relações amorosas. 
 Jung, grande nome da Psicologia contemporânea, demonstrou, por meio de sua reflexão, que quando um indivíduo vive um importante e marcante fenônemo psicológico, um grande potencial inconsciente está vindo à tona, emergindo, prestes a manifestar-se ao nível da consciência. Segundo ele, o mesmo pode ser dito quando o assunto é coletividade. Do inconsciente coletivo de um povo pode surgir uma nova ideia, crença, paradigma, que é mantida por este povo. (...)
 O conceito de amor não pode ser aprisionado por esta visão romântica do mito, que não sabe considerar os limites como positivos para o crescimento humano. Tampouco pode reduzir o desejo à condição de prazer. 
 O sonho que sonhamos não pode ser projeção infértil. Ele tem que estar sempre preso à realidade, afinal, é nela que estamos sustentados. 
 O que temos e podemos é a aventura de encontrar alguém, e ao lado dele construir uma história de vida comum, felicidade que nasce do duro processo de sermos promotores uns dos outros por meio do amor que sentimos. 
 A vida nos demonstra que a gênese das frustrações humanas está na inadequação entre aquilo que sonhamos para nossa vida com aquilo que de fato nos acontece. Somos incentivados a sonhar alto, a projetar grandes empreendimentos e a colocar nossos esforços para extrair o máximo que pudermos da vida. Não há nenhum erro em tudo isso. O grande problema não está em sonhar alto. Isso é fácil. O difícil está em continuar vivos quando o pedestal do sonho não suportar o nosso peso e dele cairmos. (...)
 E claro que a vida não é possível sem as projeções. O importante é estabelecer um equilíbrio entre aquilo que projetamos e aquilo que podemos esperar de nós mesmos. Em cada pessoa existe uma condição, um estatuto que a identifica, como limites e possibilidades. O equilíbrio se dá nessa junção. Entre o que podemos e o que não podemos está o espaço do crescimento que nos favorece a conquista da condição de pessoa. (...)
 O mito do amor romântico parece fortalecer nas culturas o desejo que o ser humano tem de encontrar no seu mundo exterior a solução para suas imperfeições. É quase uma camuflagem. Desejosos de curar as consequências de nossas precariedades, passamos a buscar nas coisas, nas pessoas e nas situações, o remédio que nos sanaria de nossas incompletudes." (adaptado)

A sagrada Hollywood e/ou a épica Disney. A maçã que envenena a sanidade de muitas crianças, jovens, adultos, idosos. Estéril palco das construções culturais mais comuns do mundo. "O mito do amor romântico", uma das mais banais e mesquinha doença cultural. Delimitando nossa humanidade a um formato mínimo, improdutivo, ilusório. Disseminando um sentimento vazio, indiscreto, comercial, frio.
 O sentido do amor perfeito, cara metade, alma gêmea, e afins pouco se faz útil. Ama-se esperando... desejando... sonhando... Não se ama para crescer, aprender, revisar conceitos. Qual é a utilidade do córtex que só projeta? Projeta utopias que não nos faz caminhar, nos faz esperar... desejar... sonhar... Qual a utilidade de ser humano e não respeitar essa condição? Desrespeita o limite comum a nós todos, e ao invés de vemos-o como fronteira para outro espaço, outra perspectiva, outro olhar, o limite se torna o fim. Ao invés de enxergar o limite alheio como desafio que acrescenta, enxergamos-o como defeito. E depois que este vínculo que criamos se desfaz ainda temos a infelicidade de difamá-lo por pura falta de criticidade!
 Que triste fim é este que nos põe vítima da própria projeção que não demos conta de questionar. Que triste é esse fim que nos rouba a personalidade. Abrigar-se em desejos profanos. Profanos por nos mascarar, aprisionar, estagnar nosso desenvolvimento.

"Meu Deus! Como é engraçado!
Eu nunca tinha reparado como é curioso um laço... Uma fita dando voltas.
Enrosca-se, mas não se embola, vira, revira, circula e pronto: está dado o laço.
É assim que é o abraço: coração com coração, tudo isso cercado de braço.
É assim que é o laço: um abraço no presente, no cabelo, no vestido, em qualquer coisa onde o faço.

E quando puxo uma ponta, o que é que acontece?
Vai escorregando...
Devagarzinho, desmancha, desfaz o abraço.
Solta o presente, o cabelo, fica solto no vestido.
E, na fita, que curioso, não faltou nem um pedaço.

Ah! Então, é assim o amor, a amizade.
Tudo que é sentimento. Como um pedaço de fita.
Enrosca, segura um pouquinho, mas pode se desfazer a qualquer hora, deixando livres as duas bandas do laço.
Por isso é que se diz: laço afetivo, laço de amizade.

E quando alguém briga, então se diz: romperam-se os laços.
E saem as duas partes, igual aos meus pedaços de fita,
Sem perder nenhum pedaço.
Então o amor e a amizade são isso...
Não prendem, não escravizam, não apertam, não sufocam.
Porque quando vira nó, já deixou de ser um laço..."

 Como é simples! Como é simples cuidar de nossos vínculos! Como não dói desvincular-se de alguém quando se entrelaça, ao contrário de quando se prende forçadamente em nó. O laço dá forma a fita, deixando-a bela, singela, firme, mas disponível para deixar sua forma se ir... O nó não, quando um relacionamento vira "nó" as marcas são fortes, demora a desamassar... E ainda não permite a construção de uma circularidade bonita como a do laço. Ah... O nó é triste! É seco, não destaca a cor da fita. Quando construímos vínculos em forma de nó, muita beleza nos torna indisponível.
 Vincular-se em laço é presentear a si mesmo, é enfeitar-se, colorir-se, torna-se delicado ao mesmo que firme. Completar e ser completado... E quando o namoro termina, a mãe morre, o amigo deixa de ser amigo, nada se perde, apenas se transforma. E recria sua forma, de outras formas!
 

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Um conselho à alguém



 Se eu for designada a dar um conselho a alguém, independente de quem fosse, eu diria: se conheça, seja apenas seu e de mais ninguém!
 Digo isto compartilhando sentimentos próprios, já tentei muito respeitar tanto a opinião do outro ao ponto de aconselhá-lo coisas que imaginei que ele gostaria de ouvir, não para necessariamente agradá-lo, apenas por acreditar que assim estava sendo menos egoísta ao tratar de seu assunto sem espelhar nas minhas vivências. Mas nossa capacidade de acrescentar algo a alguém vem exatamente das nossas experiências. Expressar-nos como realmente somos é muito mais interessante e rico do que nos preocuparmos com os outros, principalmente em “agradá-los”.
 Existem solidões inverbalizáveis, que nem nós mesmos conseguimos exprimi-las. Acredito que é neste profundo vazio que temos a oportunidade de nos conhecer, de filtrar nossos desejos, nos descobrirmos como realmente somos e não como nossa cultura, nossa “adorável” sociedade capitalista nos sugere ser, estar, desejar.
  Se eu for designada a dar um conselho a alguém, independente de quem fosse, eu diria: inspire-se em coisas construtivas, nem simples demais ou exacerbadamente eruditas, coisas que lhe toque no profundo, coisas que lhe remetem a um momento, um sentimento. Coisas que lhe transforme!
 Músicas e leituras muito me expressam. Gosto de me divertir em todos os lugares independente do estilo musical, os estilos das pessoas me incomodam muito mais... Por enquanto.  Mas gosto de músicas que dizem o que sinto, o que penso, o que questiono. As que enunciam desejos materiais ou desejos imaturos, hoje em dia pouco me chamam a atenção. Mas já fizeram parte do que eu achava ser, e quando aprendi a me ver como realmente sou, muito mais aprendi com esse antigo modo de expressar minha personalidade.
 Sou explicitamente apaixonada pelo meu curso, História. Mas se me sobra um momento de lazer eu fujo das teorias e caio na poesia! Ahh, essas me fascinam! Exprimem a solidão que estou aprendendo a identificar, retomam minhas memórias mais submissas ao esquecimento, e de repente volto a ver o que um dia foi importante para mim, e aqui estão de novo, onde deveriam estar... Em evidência! Mas o interessante é que a busca da poesia já estava inata em mim, e foi intensificada através de teóricos preocupados com o desenvolvimento humano. É sempre mais fértil misturar nossas tendências pessoais, nasci dali um aprendizado que individualmente seria bem mais difícil ou bem menos rico.
  Com o tempo nem precisamos mais de inspirações para recordar aquilo que nos fez parte um dia, e que por algum motivo, provavelmente supérfluo e mesquinho, se escondeu em nossa memória. Com o tempo, até mesmo em um diálogo numa mesa de bar, um amigo dizendo sobre si próprio, lhe lembrará do que lhe é importante. E isso é um sentimento único, tão precioso! O desenvolvimento da capacidade de se conhecer.
 Ahh, se eu for designada a dar um conselho a alguém, independente de quem fosse, eu diria: não perca a oportunidade de se reconhecer, seja quem você é. Chore, grite, se decepcione consigo mesmo, mas não minta. Não espere a idade avançada para amadurecer suas preferências, você pode viver exatamente o que deseja quando quiser. Personalidade não tem idade, acredito ser uma questão de oportunidade que só você pode se dar. 
Fecho essa reflexão com Fernando Pessoa, e um extrato do seu poema "Tabacaria":


"Fiz de mim o que não soube e o que podia fazer de mim não o fiz. O dominó que vesti era errado. Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me. Quando quis tirar a máscara, estava pegada à cara. Quando a tirei e me vi ao espelho, já tinha envelhecido. Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado. Deitei fora a máscara e dormi no vestiário, como um cão tolerado pela gerência por ser inofensivo. E vou escrever esta história para provar que sou sublime."

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Desabaf... oh!


Tem coisas que tem que serem ditas!
A um psicólogo, amigo, Deus, ao foco.
Nem tudo a gente carrega sozinho, é por isso que nos relacionamos com tantas pessoas.
Na verdade nada a gente faz sozinho, só nossas escolhas... Mesmo assim, vem carregadas de companhias!
O silêncio nem sempre é justificável.
Se calar? Enquanto na alma há um terremoto acontecendo?
Se calar? Para apresentar-se como uma pessoa centrada e madura?
Se calar... Quando se é possível superar.
E se não for? O que justifica o silêncio?
Orgulho, medo, muros... Redundância.
A sentença é simples: o silêncio injustificável corrói, destrói, mói, dói.
Dizer algo a alguém além de si mesma pode ser um remédio.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Do caus ao furacão


É uma dor aguda, uma dor sem nome, sem cor, sem toque. Por isso é tão forte.
Uma dor de memória, de sonhos, de possibilidades.
Uma dor de perguntas sem respostas.
Dor que dói os ossos, esfria o estomago, acelera o coração, seca lágrimas.
Dor daquilo que não foi vivido, sentido, ouvido.
Dor do vazio...

Mas as lembranças, ah! Essas são de fazer o sujeito perder a voz!
Cada esquina, cada olhar, uma recordação.
Letras, palavras, orações, frases... Recheadas de lembranças.
Lembranças agudas, com nome, com cor, com textura. Por isso são tão fortes.

Por isso é tão difícil, são dores e lembranças heterogêneas demais pra caber dentro de um mesmo ser. São perguntas demais, sentimentos demais. Racionalidade e irracionalidade se colidem.

É, eu vou de volta ao começo. Do caus ao furacão.
Por uma alma equilibrada e um córtex eficiente.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Limitações

Não quero ser escrava das minhas limitações, devo a todas elas muito respeito.
Elas me lembra o tempo todo que não posso tudo, não tenho tudo, não aguento tudo, não sou tudo.
Elas põem meus pés no chão, me desafiam, me confundem.
Muitas das minhas limitações são bem comuns, mas meu jeito de olha-las é único, e de senti-las, traduzi-las.
Então é aí que reconheço-me como humana, tão singular, tão preciosa! Que por mais "clichês" que sejam meus desafios, eles são meus e deles eu faço o que quiser!
O limite pode ser enxergado como o final, aquele que me impede, me paralisa, que diz "já deu pra você". Ou pode ser visto como um novo ponto de partida, o que me faz dar mais um passo para o inesperado, e me propõe assim uma nova oportunidade de ampliar minha visão e de se apresenta como fronteira.
Valorizando nossas fronteiras (ou limites, como desejar ver), todo e qualquer obstáculo encontrado a caminho de um objetivo tem um significado especial tanto na glória quanto na derrota. A glória de conquistar e se superar, ou a glória de chorar e aprender que nem sempre estamos preparados para lidar com novos territórios, que o mundo não gira em torno das nossas vontades, aprender a olhar para aquilo que nos é essencial, que verdadeiramente precisamos, nos auto conhecer. A fronteira pode ser um bom delimitador daquilo que eu preciso x desejo.

Às minhas fronteiras, um muito obrigada! Andem sempre comigo, eu preciso de vocês para crescer, amadurecer e entender um pouco mais sobre felicidade e sobre eu mesma.

domingo, 1 de abril de 2012

O humano desumano


 O que existe em variedade nesta sociedade é incoerência, as vezes muito bela, as vezes catastrófica. O que, ao contrário, deveria colorir o mundo em múltiplas formas e conteúdos é a autenticidade.
 Isto que compartilho é um caso clássico, triste e DESUMANO de contradição, alienação, falta de personalidade e de criticidade.
 Ser humano é ser livre! Não é se apropriar de ideologias burguesas medíocres, não é querer o "bem estar social" através de uma "higienização humana" eliminando tudo que é desagradável a nossa visão limitada e pré-determinada por terceiros.
 Ser humano é ser RACIONAL, usar seu cérebro, e antes de achar conveniente uma "solução prática para um mundo perfeito", deveria ser tendência usar da capacidade exclusiva do homo sapiens de pensar de forma crítica e trabalhar a modificação do meio ao redor em seu favor.
 Dizem que só animais "racionais" como nós são capazes disso, e o que vemos aqui? Um retrocesso, o humano escolhendo ser animal. E o que é mais triste: abdica-se da humanidade própria de cada um, por valores sociais infundamentaveis.
 Se uma pessoa diz "bandido bom é bandido morto" e sonha com um mundo justo, usa o cérebro APENAS pra funções biológicas. O cara é um animal.
 Que falta de humanidade desejar uma "higienização social" as custas da vida de outras pessoas!
 A palavra "humanidade" que uso aqui não é sinônimo de compaixão ou bondade, e sim de RACIONALIDADE. As pessoas simplesmente não pensam.
 Chamo os humanos irracionais de animal por eles se equipararem nas limitações cerebrais. Mas a organização "irracional" dos animais é claramente mais plausível que a nossa.
 Quanto mais eu reconheço minhas prisões, minhas limitações em questionar e/ou modificar posturas, mais me incluo no processo do uso pleno da liberdade, e ainda assim, mais livre me sinto. Estou longe de alcançar a liberdade que sonho, mas reconhecer que tenho e a que tenho já me faz muito feliz!

sábado, 17 de março de 2012

Furor

Se me perguntarem o que me tira a paz...
O seu nome, eu diria.
E lamentaria
Pelo o que poderia
Mas não foi.


segunda-feira, 12 de março de 2012

Olá Querido III


Que brincadeira de mal gosto em? Eu aqui, entregando paulatinamente toda minha alma e você aí, inerte, covarde, roubando-me de mim.

Não sei até que ponto você se rendeu a mim, só sei dos fatos, e o fato é que no momento em que você tem que tomar uma postura, você foge, corre, praticamente morre.

E eu fico aqui, a ver não sei o que, menos você.

Não sei como lidar com essa situação, e olha que já ultrapassa a décima vez que se repete. Mas você querido, tem a maléfica habilidade de me fazer renascer pra você inúmeras vezes, perdoar, amar, compreender, querer.

Perdi a poesia. As vias coloridas. A alegria.

Mas isso é uma condição temporal, e não determinante. Amanhã quando o tempo de sofrer for vivido e sentido, eu voltarei a ser poetisa, a ver as cores pelas avenidas, valorizar as alegrias simples do dia a dia.

Sabe por que? Simplesmente porque minha vida é tão preciosa! Eu investi tanto nela! E não vai ser por um covarde que vou perder a dádiva de ser alegre! Até mesmo porque existe dores mais agudas que as provocadas por um indivíduo que sofre de falta de autenticidade.

Mesmo que eu lhe dirija a palavra com rispidez, quero que saiba que eu tento me colocar no seu lugar. Tento de verdade. Talvez isso não seja tão bom pra sua imagem porque, conhecendo-o como (acho que) conheço, tudo se resume a "covardia".

Por mais intensa que seja a dor de sofrer por algo fora do seu alcance, fora do seu campo fértil de ações, eu dei o meu máximo! Entreguei-lhe a minha alma! Abaixei minhas defesas do orgulho por amor. Porque sempre fui honesta. E tristeza nenhuma supera essa alegria que é ser honesta consigo mesma e com outros a todo o tempo.

É isso que me faz respeitar a dor da perda, e a alegria da mesma. Eu não consigo pensar em você e sentir que "podia ter feito mais..." ou pior ainda, "onde foi que errei?", não tenho interesse em perguntas inférteis. O que me interessa aqui são as atitudes.

Lamento profundamente por termos perdidos a oportunidade de dividir nossas cores, mas se não aconteceu foi porque você quis, e infelizmente tenho a certeza que quem vai sofrer mais com isso é você. Sua postura fraca não permite outro resultado.

Torço por você, sempre será assim. Mas como já disse, minha vida é muito preciosa, investi muito nela, não vai ser por causa de um covarde que eu vou perder a dádiva de ser alegre.

Espero que tenha aprendido algo com tudo isso, o que aqui lhe dedico não é nem a ponta do iceberg que com você tive o prazer de conhecer. Só a dor nos faz crescer, depende de como lidamos com ela.

Chore, arrepende-se, mude. Dedique-se ao máximo para uma outra pessoa, você tem um grande potencial. Boa sorte.

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Por William Shakespeare

"Extrapolei os sonhos! Vivenciei as mágoas! Convivi com os fracos! Suportei os falsos! Me mantive em pé. Varri da alma, o desprezo inútil e a descrença falsa! Reabri meu coração à vida, deixei florescer a ternura. Olhei em volta de mim para o céu sem fim... Aceitei o mundo... Aceitei a vida... Aprendi a me amar, sem mandamentos, pela simples razão de amar. Se cheguei onde estou foi graças ao que vivi, sofri, sorri, corri."