segunda-feira, 30 de abril de 2012

Um conselho à alguém



 Se eu for designada a dar um conselho a alguém, independente de quem fosse, eu diria: se conheça, seja apenas seu e de mais ninguém!
 Digo isto compartilhando sentimentos próprios, já tentei muito respeitar tanto a opinião do outro ao ponto de aconselhá-lo coisas que imaginei que ele gostaria de ouvir, não para necessariamente agradá-lo, apenas por acreditar que assim estava sendo menos egoísta ao tratar de seu assunto sem espelhar nas minhas vivências. Mas nossa capacidade de acrescentar algo a alguém vem exatamente das nossas experiências. Expressar-nos como realmente somos é muito mais interessante e rico do que nos preocuparmos com os outros, principalmente em “agradá-los”.
 Existem solidões inverbalizáveis, que nem nós mesmos conseguimos exprimi-las. Acredito que é neste profundo vazio que temos a oportunidade de nos conhecer, de filtrar nossos desejos, nos descobrirmos como realmente somos e não como nossa cultura, nossa “adorável” sociedade capitalista nos sugere ser, estar, desejar.
  Se eu for designada a dar um conselho a alguém, independente de quem fosse, eu diria: inspire-se em coisas construtivas, nem simples demais ou exacerbadamente eruditas, coisas que lhe toque no profundo, coisas que lhe remetem a um momento, um sentimento. Coisas que lhe transforme!
 Músicas e leituras muito me expressam. Gosto de me divertir em todos os lugares independente do estilo musical, os estilos das pessoas me incomodam muito mais... Por enquanto.  Mas gosto de músicas que dizem o que sinto, o que penso, o que questiono. As que enunciam desejos materiais ou desejos imaturos, hoje em dia pouco me chamam a atenção. Mas já fizeram parte do que eu achava ser, e quando aprendi a me ver como realmente sou, muito mais aprendi com esse antigo modo de expressar minha personalidade.
 Sou explicitamente apaixonada pelo meu curso, História. Mas se me sobra um momento de lazer eu fujo das teorias e caio na poesia! Ahh, essas me fascinam! Exprimem a solidão que estou aprendendo a identificar, retomam minhas memórias mais submissas ao esquecimento, e de repente volto a ver o que um dia foi importante para mim, e aqui estão de novo, onde deveriam estar... Em evidência! Mas o interessante é que a busca da poesia já estava inata em mim, e foi intensificada através de teóricos preocupados com o desenvolvimento humano. É sempre mais fértil misturar nossas tendências pessoais, nasci dali um aprendizado que individualmente seria bem mais difícil ou bem menos rico.
  Com o tempo nem precisamos mais de inspirações para recordar aquilo que nos fez parte um dia, e que por algum motivo, provavelmente supérfluo e mesquinho, se escondeu em nossa memória. Com o tempo, até mesmo em um diálogo numa mesa de bar, um amigo dizendo sobre si próprio, lhe lembrará do que lhe é importante. E isso é um sentimento único, tão precioso! O desenvolvimento da capacidade de se conhecer.
 Ahh, se eu for designada a dar um conselho a alguém, independente de quem fosse, eu diria: não perca a oportunidade de se reconhecer, seja quem você é. Chore, grite, se decepcione consigo mesmo, mas não minta. Não espere a idade avançada para amadurecer suas preferências, você pode viver exatamente o que deseja quando quiser. Personalidade não tem idade, acredito ser uma questão de oportunidade que só você pode se dar. 
Fecho essa reflexão com Fernando Pessoa, e um extrato do seu poema "Tabacaria":


"Fiz de mim o que não soube e o que podia fazer de mim não o fiz. O dominó que vesti era errado. Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me. Quando quis tirar a máscara, estava pegada à cara. Quando a tirei e me vi ao espelho, já tinha envelhecido. Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado. Deitei fora a máscara e dormi no vestiário, como um cão tolerado pela gerência por ser inofensivo. E vou escrever esta história para provar que sou sublime."

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Desabaf... oh!


Tem coisas que tem que serem ditas!
A um psicólogo, amigo, Deus, ao foco.
Nem tudo a gente carrega sozinho, é por isso que nos relacionamos com tantas pessoas.
Na verdade nada a gente faz sozinho, só nossas escolhas... Mesmo assim, vem carregadas de companhias!
O silêncio nem sempre é justificável.
Se calar? Enquanto na alma há um terremoto acontecendo?
Se calar? Para apresentar-se como uma pessoa centrada e madura?
Se calar... Quando se é possível superar.
E se não for? O que justifica o silêncio?
Orgulho, medo, muros... Redundância.
A sentença é simples: o silêncio injustificável corrói, destrói, mói, dói.
Dizer algo a alguém além de si mesma pode ser um remédio.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Do caus ao furacão


É uma dor aguda, uma dor sem nome, sem cor, sem toque. Por isso é tão forte.
Uma dor de memória, de sonhos, de possibilidades.
Uma dor de perguntas sem respostas.
Dor que dói os ossos, esfria o estomago, acelera o coração, seca lágrimas.
Dor daquilo que não foi vivido, sentido, ouvido.
Dor do vazio...

Mas as lembranças, ah! Essas são de fazer o sujeito perder a voz!
Cada esquina, cada olhar, uma recordação.
Letras, palavras, orações, frases... Recheadas de lembranças.
Lembranças agudas, com nome, com cor, com textura. Por isso são tão fortes.

Por isso é tão difícil, são dores e lembranças heterogêneas demais pra caber dentro de um mesmo ser. São perguntas demais, sentimentos demais. Racionalidade e irracionalidade se colidem.

É, eu vou de volta ao começo. Do caus ao furacão.
Por uma alma equilibrada e um córtex eficiente.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Limitações

Não quero ser escrava das minhas limitações, devo a todas elas muito respeito.
Elas me lembra o tempo todo que não posso tudo, não tenho tudo, não aguento tudo, não sou tudo.
Elas põem meus pés no chão, me desafiam, me confundem.
Muitas das minhas limitações são bem comuns, mas meu jeito de olha-las é único, e de senti-las, traduzi-las.
Então é aí que reconheço-me como humana, tão singular, tão preciosa! Que por mais "clichês" que sejam meus desafios, eles são meus e deles eu faço o que quiser!
O limite pode ser enxergado como o final, aquele que me impede, me paralisa, que diz "já deu pra você". Ou pode ser visto como um novo ponto de partida, o que me faz dar mais um passo para o inesperado, e me propõe assim uma nova oportunidade de ampliar minha visão e de se apresenta como fronteira.
Valorizando nossas fronteiras (ou limites, como desejar ver), todo e qualquer obstáculo encontrado a caminho de um objetivo tem um significado especial tanto na glória quanto na derrota. A glória de conquistar e se superar, ou a glória de chorar e aprender que nem sempre estamos preparados para lidar com novos territórios, que o mundo não gira em torno das nossas vontades, aprender a olhar para aquilo que nos é essencial, que verdadeiramente precisamos, nos auto conhecer. A fronteira pode ser um bom delimitador daquilo que eu preciso x desejo.

Às minhas fronteiras, um muito obrigada! Andem sempre comigo, eu preciso de vocês para crescer, amadurecer e entender um pouco mais sobre felicidade e sobre eu mesma.

domingo, 1 de abril de 2012

O humano desumano


 O que existe em variedade nesta sociedade é incoerência, as vezes muito bela, as vezes catastrófica. O que, ao contrário, deveria colorir o mundo em múltiplas formas e conteúdos é a autenticidade.
 Isto que compartilho é um caso clássico, triste e DESUMANO de contradição, alienação, falta de personalidade e de criticidade.
 Ser humano é ser livre! Não é se apropriar de ideologias burguesas medíocres, não é querer o "bem estar social" através de uma "higienização humana" eliminando tudo que é desagradável a nossa visão limitada e pré-determinada por terceiros.
 Ser humano é ser RACIONAL, usar seu cérebro, e antes de achar conveniente uma "solução prática para um mundo perfeito", deveria ser tendência usar da capacidade exclusiva do homo sapiens de pensar de forma crítica e trabalhar a modificação do meio ao redor em seu favor.
 Dizem que só animais "racionais" como nós são capazes disso, e o que vemos aqui? Um retrocesso, o humano escolhendo ser animal. E o que é mais triste: abdica-se da humanidade própria de cada um, por valores sociais infundamentaveis.
 Se uma pessoa diz "bandido bom é bandido morto" e sonha com um mundo justo, usa o cérebro APENAS pra funções biológicas. O cara é um animal.
 Que falta de humanidade desejar uma "higienização social" as custas da vida de outras pessoas!
 A palavra "humanidade" que uso aqui não é sinônimo de compaixão ou bondade, e sim de RACIONALIDADE. As pessoas simplesmente não pensam.
 Chamo os humanos irracionais de animal por eles se equipararem nas limitações cerebrais. Mas a organização "irracional" dos animais é claramente mais plausível que a nossa.
 Quanto mais eu reconheço minhas prisões, minhas limitações em questionar e/ou modificar posturas, mais me incluo no processo do uso pleno da liberdade, e ainda assim, mais livre me sinto. Estou longe de alcançar a liberdade que sonho, mas reconhecer que tenho e a que tenho já me faz muito feliz!