domingo, 16 de janeiro de 2011

Uma questão de perspectiva


Suponhamos um mundo mais ético. Um espaço onde a sua palavra vale mais que seu CPF, o amor supera o egocentrismo, o diferente não causaria impacto apenas por termos a noção do que seja "diferença", os estereótipos seriam como lendas, a mídia transmitiria as diversas identidades culturais e não as doenças culturais; um lugar onde temos o pleno conhecimento de como exercer a cidadania e o doce prazer de exerce-la em completa liberdade.

Onde o homem ja nasce bom e a sociedade o enobrece ainda mais, a natureza não serve o homem mas o completa, os animais não são apenas seres irracionais e sim colabores da manutenção do planeta. Não ha sorriso malicioso, olhar frio, jogo de interesse, ambiguidade nas palavras... existem regras e todos temos aspiração natural em segui-las, o respeito ao próximo vale mais que satisfazer suas "necessidades" pessoais.

Bonito mundo certo? Bem, analisemos agora com outro olhar.

Em um mundo perfeito não ha milagres. Não se vê uma criança sofrendo, mas também não ve uma criança ajudando o pai a superar seu vício através de suas singelas palavras e gestos. Atos como os de Madre Teresa de Calcutá, Mahatma Gandhi, Zilda Arns não são valorizados ate mesmo porque não ha o desafio de enfrentar as diferenças sociais e suas dores. A amizade sincera, instinto materno e paterno de querer cuidar e amar incondicionalmente seu filho, gesto de carinho, o consolo que as palavras bem ditas nos proporciona, a própria vontade de fazer o bem sem precedentes, o quão épico é observar o nascer do sol, noite de lua cheia, crepúsculo, a neve caindo... Momentos e comportamentos magníficos que seriam subjugados á perfeição.

Talvez o principal ingrediente para o milagre seja a imperfeição agregado ao livre arbítrio. Talvez tudo seja assim conturbado, injusto, manipulado, cruel, egoísta por proporcionar ao homem a capacidade de ser heroi sem ter super-poderes, mas simplesmente por amar!

As possibilidades unem-se a autonomia, onde somos livres para poder escolher, aconselhar e agir. Escolher respeitar a todos, aconselhar a praticar a paciência e agir em nome do amor. Isso é milagre, superar a nós mesmos, a vontade de satisfazermos nossa particularidade, superar o comodismo, o defeito; constante busca do perfeito em nome de um bem comum.

Em outras palavras, talvez um mundo imperfeito seja mais espontâneo e consequentemente possibilite maior realizações de feitos heróicos, talvez tudo esteja no seu devido lugar, tanto as dores quanto as alegrias, para assegurar nossa independência de optar e realizar, ou não, nossos prodígios.

Agora, se é melhor um mundo perfeito ou imperfeito, é meramente uma questão de perspectiva.

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