


Essas mudanças podem ser tratadas como evoluções, mas também como regresso. O fato em si é que nossas metamorfoses são dadas por experiências, aprendizagem, questionamentos; como reagimos a ela é apenas por questão de perspectiva interligada a nossa subjetividade.
O fato de como degustamos da efêmera presença de alguém que um dia pensamos em perpetuar nossos belos sentimentos um pelo outro (seja como amigos, amantes, revolucionários...) hoje depende diretamente das nossas certezas, amanhã apenas de nossas transformações.
Mudar é uma característica humana muitas vezes amedrontadora. Uma simples e comum mudança modifica um esquema racional por completo, desde sua base robusta a seu frágil e detalhista topo; e faz com que nós, reles mortais, perdemos o controle da situação e nos desesperemos (por ingenuamente acreditar que diferente ou igual, no início detínhamos algum controle).
Em suma, nossas modificações fazem parte da nossa natureza, a dificuldade em conviver com ela vem de nossas cabeças sectárias, da incapacidade de ver o quanto é importante para nós aprendermos a lhe dar com o "antes" e o "depois", vem também com nossas devassas com um convívio mais crítico com diferentes pessoas. Elas se oriunda de todos os lugares, vão e voltam, reformulam, caem
soube que você não vai voltar pois não há mais nada vivo aqui.
Não sei se você lembra, mas você dizia que minhas palavras lhe soava como uma brisa que batia levemente em seu coração, e ainda era possível sentir o cheiro de rosas nelas. Dizia também que eu era pra você a prova de que a pessoa não precisa ser perfeita para ser amada, que até os mais terríveis defeitos se dissipavam perante ao amor que tinha por mim.
Talvez devo relembra-lo do que sentia por você, e ainda sinto. Talvez esse foi o maior pecado que cometi, não lembra-lo a todo instante o quanto és surreal a mim, o quanto é singelo meu sentimento por você, e a profundidade dessas palavras que saem de dentro de mim, vão além da alma, alcançam o divino.
Me desculpa por amar como uma humana, onde por súbitos momentos o orgulho se apossava de mim, as palavras lhe soavam como espinhos batendo bruscamente em seu coração, tudo que lhe demonstrava e dizia não era nem de longe semelhante ao que sentia por você.
Mas devo lhe confessar, não trocaria a dor que senti quando soube que você partiu pelo o que aprendi. Acho que agora estou pronta para te amar, finalmente percebi o que vale realmente a pena me importar, e eu me importo com o seu bem estar. Perto seria melhor, mas longe também é bom. O essencial agora e te ver feliz, te ver bem amado e satisfeito.
Devo lhe confessar também que não consigo aceitar essa desventura, mas reconheço que tenha acontecido por uma aglomeração de tênues feridas. Me desculpa meu amor, por entender o que é amor tardiamente, por não ter compreendido como e para que deveria expor meus sentimentos. Me desculpa meu amor, por ter defeitos tão frios, mas estou disposta a por em pratica tudo que aprendi em sua ausência, a perceber sua carência e curar as feridas que lhe fiz.
O caminho do amor é estreito, com muitos obstáculos e muitas vezes não somos capazes de ver os sinais que nos desviam dos conflitos causados por tais empecilhos. Existem muitas coisas que gostaria lhe dizer mas não sei como. Toda via, digo-lhe que de agora em diante serei mais que sua amante, serei sua protetora.
Você voltará pra casa e parará esta dor?
Você voltará pra casa e me permitirá ama-lo novamente?
Volte. Mas volte disposto a sentir as maiores alegrias da vida. Volte aberto para viver um novo amor.
E se um dia ou uma noite um demônio se esgueirasse em tua mais solitária solidão e te dissesse: “Esta vida, assim como tu a vives agora e como a viveste, terás de vivê-la ainda uma vez e ainda inúmeras vezes; e não haverá nela nada de novo, cada dor e cada prazer e cada pensamento e suspiro e tudo o que há de indizivelmente pequeno e de grande em tua vida há de retornar, e tudo na mesma ordem e seqüência – e do mesmo modo esta aranha e este luar entre as árvores, e do mesmo modo este instante e eu próprio. A eterna ampulheta da existência será sempre virada outra vez – e tu com ela, poeirinha da poeira!”
Não te lançarias ao chão e rangerias os dentes e amaldiçoarias o demônio que te falasse assim? Ou viveste alguma vez um instante descomunal, em que responderias: “Tu és um deus, e nunca ouvi nada mais divino!” Se esse pensamento adquirisse poder sobre ti, assim como tu és, ele te transformaria e talvez te triturasse; a pergunta, diante de tudo e de cada coisa:
“Quero isto ainda uma vez e ainda inúmeras vezes?”
Pesaria como o mais pesado dos pesos sobre teu agir! Ou então, como terias de ficar de bem contigo mesmo e com a vida, para não desejar nada mais do que essa última, eterna confirmação e chancela?