quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Por que não fazer História.

Aproprio-me de um clássico pensamento do Friedrich Nietzsche: até que ponto você aguenta ouvir a verdade?
Eu, graduanda em história e apaixonada pela mesma, julgo-me com ligeira autoridade para lhe dizer o porquê “correr” dessa ciência.

Considere-a como um amigo, o qual tem infinitas afinidades e compartilha momentos memoráveis de sua vida. Aproveite essa consideração para enxergar a saída de emergência. Uma vez sendo "paixão desenvolvida" e não necessariamente "implicada" (como seu amor por pai, mãe, irmãos, etc.) acredito que seja mais fácil quebrar seu laço afetivo.

No decorrer do curso, rico em teorias, perspectivas e expectativas; você poderá escolher enxergar com certa minuciosidade as inúmeras lutas de cunho popular. Cada determinada fase da humanidade, haverá uma determinada classe subjugada como também haverá aqueles que lutaram pela dignidade que lhe foram tiradas (em troca de alguns valores materiais ou à um conjunto de idéias). Inspirador! As vezes.

Concomitantemente você poderá enxerga nessa perspectiva social-política que as classes subalternas nunca alcançaram seus objetivos puro; podem ter conseguido por um curto período, ou chegam perto de seu objetivo final mas não lhes são concedido a graça da vitória, ou pior ainda: terem sua ideologia, o motivo pelo qual se sentiram capazes de tentar algo novo, algo que se aproxima do justo, algo que lhes lembrem sobre sua condição de reais cidadãos, transvestida para a classe dominante (ou para classe dominante que se formará após sua luta teleologicamente belíssima!), para aqueles que lhes manterão subjugados e alienados aos próprios interesses (mesquinhos, antiprogressista, desumanos).

Isso foi um simples e superficial exemplo do quanto o curso de História pode não ser inspirador. A partir daí pode-se tirar óbvios questionamentos: por que lidar com fatos que brincam com sua condição humana que insiste ter esperança? Por que se focar em lutas que de alguma maneira são sempre subvertidas do desejo inicial? Quando é hora de viver ou deixar morrer? Pra quê expor sua fé e força ha um limite desgastante e que pode vir a ser paralisador? Qual é a finalidade de chegar tão próximo do fogo?

Acredito que dessa breve passagem é possível nortear você, leitor, a pensar duas vezes antes de escolher implicar-se nessa insana paixão.

Bom, uma vez considerando "História" um sujeito que se assemelha a um amigo, não podemos evitar aqui de discorrer algo mais subjetivo. Esse amigo que é capaz de testar sua paciência ha um limite jamais imaginado, de lhe colocar numa situação de extrema ferida no orgulho, de sufocar seu coração em exigências, reclamações, palavras de indescritível ofensa; amigo que projeta (propositalmente ou não) em você um parceiro perfeito que suporte toda a verdade de sua personalidade que aparece gradualmente, num (nem tão) longo processo de convivência... É exatamente o mesmo amigo (defeituoso, desgastante, asfixiante) que lhe apresenta cores do mundo que você jamais havia visto, janelas nunca notadas anteriormente, apresenta-lhe possibilidades se quer algum dia cogitadas, honestidade até então desconhecida fora do eixo familiar, lhe envolve num vínculo de tal forma que com mesmo tamanho sufoco você escolhe perdoar seu amigo de demasiado desgaste mental pelo fato de ver nessa convivência, nessa troca de conhecimentos, nesse emaranhado de cores, vantagens de acreditar no valor de singular amizade!

Uma vez dotado de livre arbítrio, deixo para você o desafio de dissertar sobre “Por que não fazer História” formando uma opinião consistente. Pois eu, Rafaela, escolho crescer com a dor provocada pela esperança que as vezes se inibe junta aos fatos generalizadores e céticos, escolho acreditar nas lutas mesmo que muitas vezes subvertidas, escolho ter fé em alguma coisa; e aproprio-me novamente de outra uma frase do mesmo filósofo Friedrich Nietzsche: aquilo que se faz por amor está sempre além do bem e do mal. Afinal, tudo sempre será uma questão de perspectiva.


2 comentários:

  1. Olá rafa! Penso que nossa amiga história está longe de ser uma Ciência, por isso meu cativa tanto... Leia W. Benjamin e H. Arendt, verás que lI vaz a história não é apenas um acumulado de derrotas e possibilidades perdidas... E nós, refazendo a história, ao reconta-la podemos reabrir as possibilidades futuras... Fazer história com paixão é nutrir-se de inquietações e transitar entre a utopia do passado, o que poderia ter sido, e a utopia do futuro... Opinião de um apaixonado por esta tal de história...

    ResponderExcluir
  2. É Bill, por isso disse o tempo todo que "poderá escolher enxergar", vai muito do momento né... Que a autora deixou de contextualizar HUAHUAHUAHAU Mas concordo plenamente com tudo que você disse, e me arrepiei nesse trecho "fazer história com paixão é nutrir-se de inquietações e transitar entre a utopia do passado, o que poderia ter sido, e a utopia do futuro...", é isso ai! De qualquer forma, obrigada pelas belíssimas palavras e pela sugestão de leitura, vou procurar por esses autores :D

    ResponderExcluir