segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Olá querido II


Quando lhe vi pela primeira vez apenas pensei: como é possível em uma pessoa só caber tantas cores?

Após o despertar dessa específica curiosidade veio também a vontade de observar toda sua extensão meticulosamente.

Assim como suas cores me chamou a atenção, logo seus dentes perfeitamente alinhados se exibiam mostrando um sorriso imponente, e após ver seu olhar profundo e misterioso me vi cativa em seu universo.

Troquei com você algumas palavras, e que palavras! Tudo que você dizia a mim fazia sentido, vi que tínhamos muito em comum até que... Até que você me mostrou superficialmente suas cicatrizes. E foi aqui que me entreguei a você.

Por algum motivo quis com muita intensidade lhe fazer o bem, lhe ser amiga, lhe ser especial de qualquer forma. Hoje penso que essa foi a maneira de lhe retribuir aquele sorriso que me encantou, aquelas cores que me chamou a atenção, aqueles olhos que me fez submergir em seu mundo.

O tempo passou e permaneci imersa nas possibilidades que crie em você; até que a frustração superou o desejo de lhe fazer bem. Suas atitudes, palavras, olhares estavam imprecisos demais para alimentar tal vontade. O que você me deu no dia em que nos conhecemos era o suficiente para lhe desejar tanta coisa boa, depois que a magia passou meu desejo foi tão efêmero quanto seu encanto.

Com mais um pouquinho de tempo voltei a sentir aquela intensa vontade de estar do seu lado, porém agora me carecia de coragem. Sinto falta de lhe abraçar e perguntar como você vai olhando em seus olhos, não sei por que mas sinto falta de me sentir útil a você.

Então exatamente agora vi que tudo não passou de uma bela construção minha, não há nada de específico em você, seu sorriso não é nem mais ou menos encantador que outros. A questão daquela atenção que lhe dei se chama “momento”.

O momento que decidi ver aquilo em alguém, sentir aquilo por alguém, fazer algo por alguém.

Infelizmente fui limitada demais para manter o equilíbrio diante das decepções, tentar fazer algo que podia ser útil, quase “altruísta”. Mas não dei conta.

Ás vezes queria voltar ao começo, ser mais direta e dizer o tão adorável você é. Mudar as atitudes só pra ver se no final seria isso mesmo. Mas ao mesmo tempo vejo que isso tudo realmente foi uma idealização teleológica, até mesmo a sua simpática, tudo esta mais no meu imaginário do que de fato é. Ninguém é tão extraordinário assim.

É comum considerar uma pessoa especial, é estranho fazê-la especial e ter plena consciência disso. Da a impressão que todas as nossas atitudes que por um instante pensamos ser de total liberdade na verdade são todas dominadas pelo nosso egoísmo de sempre querermos o nosso próprio bem.

Peço aqui formalmente meu perdão. Prometo a mim, e as futuras pessoas que me cativarão, aprender a amá-las mesmo desacreditando no altruísmo, amá-las simplesmente.

Eu realmente lamento muito ter falhado com você, mesmo você tendo noção disso ou não.

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