segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Aos politicamente engajados.


Quem canta ou assobia na escuridão nega sua ansiedade, mas não passa a ver mais claro. Há dez anos, caímos na estagnação. Vivemos hoje, à beira da depressão e da hiper-inflação. E constatamos, a toda hora, com espanto a vergonha, a enorme distância que nos separa da civilização. É natural que o medo e a desesperança tenha tomado o lugar do nosso habitual otimismo. Mas podemos continuar cantando ou assobiando, e acreditar em homens providenciais, ou em receitas salvadoras aviadas por economistas geniais. Ou encontrar culpados. Isto é fácil e cômodo. Difícil é enxergar mais claro. Há interesses, partidarismos, preconceitos ideológicos, que criam ilusões e ocultam realidades desagradáveis. O debate público não tem ajudado. Mas o mínimo que se exige dos intelectuais é que exponham suas opiniões claramente, sem a pretensão de ditar a verdade, mas também sem medo de desagradas a quem quer que seja.

João Manuel Cardoso de Melo, 1992.

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